terça-feira, 24 de maio de 2011

Análise dos poemas do exercício com o uso da repetição

Poema
Eu (não) te odeio

Eu te odeio,
eu te odeio,
eu te odeio!

Eu te odeio,
eu te odeio,
eu te odeio?

Eu te odeio?
Eu? Eu? Eu?

Eu te amo.




Análise do poema

A expressão repetida é “eu te odeio”. Na primeira estrofe, esta expressão aparece três vezes, de modo a enfatizar a mesma. Isso é reforçado pela exclamação no último verso.

Na segunda estrofe, há novamente a expressão, mais três vezes. Também para dar ênfase, o que, de certa forma, é desnecessário, pois já se enfatizou na primeira estrofe. No entanto, no final desta estrofe, ao invés de uma exclamação, há uma interrogação,colocando em dúvida a afirmação que, até então, fora afirmada e enfatizada. Na terceira estrofe, a afirmação “eu te odeio” é repetida, só que com uma interrogação, novamente, enfatizando a dúvida. A dúvida é de tal ordem que o autor/narrador/personagem coloca em dúvida o seu próprio eu, ao afirmar, no segundo verso da terceira estrofe. Eu? Eu? Eu? Coloca em dúvida tanto o sentimento de ódio pela pessoa em questão (não explicitada) quanto seu próprio eu, sua existência, sua capacidade de saber se odeia ou não,etc.

No final do poema, revela-se o real sentimento do autor/narrador/personagem, que é o fato de ele amar e não odiar a pessoa em questão.

Observe o quanto a repetição enfatizou a afirmação “eu te odeio”. No entanto, observe também como o aumento do número de repetições diminui essa ênfase, bem como pode até mesmo colocar em dúvida a afirmação em quetão, ou simplesmente esvaziá-la.

Observe como a pontuação é importante, mudando o sentido dos versos que utilizam a mesma afirnação, pois uam coisa é dizer “Eu te odeio.”, outra é dizer “Eu te odeio!” e outra é dizer “Eu te odeio?”.

Observe que a afirmação “eu te amo” foi dita uma única vez. Isso pode significar que uma vez afirmado, o amor não precisa de ser enfatizado. Que sua afirmação, ou a afirmação constante por parte de alguém que ama outra pessoa, pode significar tanto que se ama quanto que não se ama.

Por fim, pode-se observar como amor e ódio se assemelham, no sentido de ser um sentimento por alguém que, de algum modo, levamos em consideração. No caso do poema acima, isso é enfatizado pela simetria forma, em número de sílabas, e no ritmo, das expressões “eu te odeio” e “eu te amo”, ambas com quatro silabas poéticas, e com uma acentuação tônica nos segundo e quatro versos.

O único momento em que esta simetria é quebrada é no segundo verso da terceira estrofe, que tem três sílabas poéticas.

A simetria também é quebrada na terceira estrofe, pois enquanto todas as outras possuem três versos, esta possui dois. O mesmo se dá na última estrofe, de um único verso.

O título, “Eu (não) te odeio” já indica que a expressão “eu te odeio” não significa “eu te odeio”, ou que sinifica tanto eu te odeio quanto o contrário.



Obs: contam-se as sílabas poéticas excluindo-se as sílabas posteriores à tônica da última palavra do verso.



Poema

Acalanto Fúnebre


Dorme, dorme, dorme
que a noite já chegou.

Dorne,dorme,dorme,
mesmo se sem sono.

Dorme, dorme, dorme,
veio a madrugada.

Dorme, dorme, dorme
que a vida não é nada.

Dorme, dorme, dorme
que o dia já veio.

Morre, morre, morre.


Análise do Poema


A repetição, no caso do poema acima, é da palavra dorme, o que ocorre comumente em diversos acalantos. Há ênfase no pedido “dorme” que é expresso três vezes no primeiro verso e no início de todas as estrofes,com exceção da última.

O segundo verso de todas as estrofes, com exceção da última, há explicação do por que se quer que o leitor/ouvinte, etc durma. Sobre isso, há que se observar que há tanto motivos banais, como “que a noite já veio”, quanto motivos contraditórios ou absurdos, tais como “mesmo que sem sono”, “que o dia já veio” (como se se dorme quando é noite e não quando é dia?). Ou ainda, porque “a vida não vale nada”.

E, se a vida não vale nada, pedindo que se durma, de noite, de dia, de madrugada, ocorre que o pedido para que se durma se assemelha com um pedido para que não se viva, ou que se morra. A isso, deve-se acrecentar a semelhança entre dormir e morrer.

Deve-se observar que o título “Acalanto Fúnebre”, já enfatiza esta semelhança entre dormir e morrer.

A conclusão é “morre,morre, morre”.

Observa a semelhança on número de sílabas e na acentuação entre os veros “dorme, dorme, dorme” e “morre, morre, morre”.

Talvez eu pudesse ter terminado com “dorme, dorme, morre”.

Qual seria o final melhor?

De qualquer modo, independente da qualidade deste poema como um todo, o fato é que o recurso da repetição não teve a mesma importância que no primeiro poema.



Poema


Vida em Resumo


Dorme, dorme, dorme.
Acorda, acorda, acorda.

Dorme, acorda, dorme.
Acorda, dorme, acorda.

Dorme, acorda.
Dorme, acorda, dorme, acorda, dorme, acorda.

Dorme, dorme, dorme, dorme, dorme ....



Análise do Poema



Neste poema, a repetição é das palavras dorme e acorda. Esta se parecem, conforme indica o título do poema, “Vida em Resumo”, um resumo da vida. Como se a vida se resumisse apenas nisso em acordar e dormir, dormir e acordar. E, no final, dormir, só que para sempre, quando se dorme para sempre, conforme é indicado no último verso “Dorme, dorme, dorme, dorme, dorme... “ com reticências, indicando a continuida desde dorme.


Relendo este poema creio ele ficaria melhor como está abaixo


Vida em Resumo


Dorme, dorme, dorme.
Acorda, acorda, acorda.

Dorme, acorda, dorme.
Acorda, dorme, acorda.

Dorme, acorda.
Dorme, acorda.
Dorm’ e acorda dorm´e acorda dorm´e acorda dom´ e ...

Dorme, dorme, dorme, dorme ....

[ainda: substituindo a última estrofe por

dorme, dorme, dorme, dorme
e nunca mais acorda.]

Qual, na sua opinião, seria o melhor?

Não deixe postar um comentário ou seu poema e de indicar este blog para quem possa se interessar.

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