segunda-feira, 9 de maio de 2011

PARA ESCREVER POESIA

Para se escrever poesia o que se deve fazer é ler e analisar poemas de diversos autores, de diferentes estilos e épocas, conhecer algumas técnicas da arte poética e se exercitar, procurando aplicar algumas destas técnicas na prática.

É claro que para isso, você deve gostar e querer ler e escrever poesia, além de observar se entre os gêneros literários existentes é este o que você mais gosta.

A partir desta postagem, este blog procurará apresentar algumas sugestões para quem deseja escrever poesia. Isto se dará do seguinte modo: apresentando algumas técnicas da arte poética, analisando alguns poemas ou trechos de poemas de diversos autores, de diferentes estilos e época, apresentando um exercício de prática poética, analisando algum poema de um dos leitores do blog.

Os poemas de outros autores, a menos que se trate de poemas já sob o domínio público, somente serão citados parcialmente, em respeito ao direito autoral.

De vez em quando, apresentarei algum poema de minha autoria.

A periodicidade das postagens deste blog deverá ser de 1 por semana, em média.

Para quem desejar, eu poderei dar sugestões individuais ou em grupo, em particular, sob a forma de aulas. Para isso, basta entrar em contato; Telefones 0 (21) 22011212 / 0(21) 94082693 . (Rio de Janeiro) Se você não residir no Rio de Janeiro, este contato e este próprio atendimento individual e particular poderá ser realizado por e-mail: riclopp@ig.com.br

Mas o que é Poesia ?


Pode-se considerar poesia como um texto escrito onde o ritmo e a forma de se escrever ou dizer o que diz é tão ou mais importante do que aquilo que se diz. Como disse Paul Valery, “Em Literatura, o que é forma para os outros, é conteúdo para mim”.

Fazem parte da forma da poesia os seguintes elementos

1) texto em versos, embora exista uma prosa poética. Mas, nesse caso, a prosa poderá ser distribuída em versos.

Um exemplo clássico de prosa poética é o inicio de “Iracema”, de José de Alencar.

“Verdes mares bravios de minha terra natal.onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; verdes mares que brilhais, como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente”, etc.

Também há poemas que não possuem versos propriamente ditos, como alguns poemas concretos.

Mas pode-se dizer que há versos, se considerarmos cada uma das frases ou palavras em seus diferentes locais no espaço da página como versos. Além disso, pode-se dizer também, em um poema concreto, se há versos propriamente ditos, tampouco há prosa.

2) Uso de metáforas em maior quantidade do que um texto em prosa. Sobretudo se esta prosa não for uma prosa literária

Quando Carlos Drummond de Andrade diz “No meio do caminho tinha uma pedra”, esta pedra a qual ele se refere deve ser entendida como uma metáfora. E somente assim, este verso poder ser considerado como um verso poético. No entanto, em uma análise de um poema, deve-se considerar tanto o aspecto literal quanto metafórico, conforme já observamos em outra postagem neste mesmo blog e como procuraremos observar em maiores detalhes posteriormente.

Se se considerar no poema em questão o aspecto literal, o poema de Carlos Drummond de Andrade do qual o verso “tinha uma pedra no meio do caminho” faz parte ganha um caráter cômico, surreal ou “non sense” e inusitado, pois que, mais adiante, Drummond dirá que “nunca me esquecerei desse acontecimento/na vida de minhas retinas tão fatigadas.”. Afinal, como é possível que uma pedra no meio do caminho tenha tal efeito sobre quem encontra?

É importante observar como o verso “No meio do caminho tinha uma pedra” somente pode ser considerado como poético no contexto do poema.

Já em uma reportagem de jornal, por exemplo, em que o repórter descrevesse o fato de que um automóvel teria se desviado, etc. por que “no meio tinha uma pedra”, o sentido seria outro e este não seria um verso poético.

3) A presença de uma polissignificação (múltipla significação) das palavras e, sobretudo de determinadas palavras-chaves.

Tal como o ocorreu com a pedra no poema de Carlos Drummond citado anteriormente, esta possui, pelo menos, logo de início, dois significados. O de pedra mesmo e o de algo inesquecível, no entanto indeterminado. Tal indeterminação, por sua vez, empresta à própria significação dessa palavra um caráter múltiplo que pode ser identificado, em parte, com a leitura do poema.

Por exemplo: a pedra, em questão, objeto inesquecível indeterminado para a percepção visual do autor/personagem do poema, é algo que o paralisa, pois que, a partir de então, o poeta/personagem só faz repetir, de diferentes formas, que tinha uma pedra no meio do caminho.

4) O uso de figuras com a intenção provocar um efeito expressivo, com a forma expressando um conteúdo

Figuras são diversas formas de dispor o texto que podem ser considerados como ornamentos, mas que estão intimamente relacionados com o conteúdo do texto. Uma delas, que é uma das mais utilizadas, é a repetição, lembrando que existem muitas formas de repetição, cada uma delas com um nome diferente.

Observe como o poema “No meio do caminho”, de Carlos Drumonnd de Andrade ganha uma maior expressividade na medida em que o verso “tinha uma pedra no meio do caminho” vai se repetindo. Primeiro logo em seguida, no segundo verso, sob a forma de um quiasmo ou inversão, que é, justamente, a inversão dos termos de um verso no verso seguinte. “No meio do caminho tinha uma pedra/tinha uma pedra no meio do caminho”

Na próxima postagem deste blog procurarei tratar de algumas figuras de repetição.


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até a próxima.

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